Tive um privilégio que foi o de crescer no evangelho. Não apenas isso, sou de uma terceira geração de presbiterianos, assim como de oficiais presbiterianos(Neto de pastor, filho de presbítero e agora, pastor). Digo isso sem nenhum tipo de vaidade, apenas para atestar o óbvio: eu cresci e convivi toda minha vida dentro de uma igreja. Eu sei o que é ler a Bíblia, orar, fazer culto domésticos, o que fazer em uma devocional, sobre o que orar, o que é jejum, participar de vigília, entre outros aspectos.

Mas e quem não teve o mesmo histórico que o meu? Como pastor, que já deu ministrou inúmeras aulas de iniciantes na fé, pessoas que querem fazer parte da membresia da igreja, acredito que nunca ou tão poucas vezes que não consigo lembrar, dei aula sobre como fazer uma devocional, como orar. Por quê? Ora, porque é isso é trivial! Quem não sabe fazer isso? Ler a Bíblia? Só abrir na sequência! É tão básico que não precisa ser ensinado! Será? Vejamos alguns exemplos.(Todas as referências bíblicas serão retiradas da versão Revista e Atualizada).

Lucas 11:1 nos diz: “De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos.” Nesta passagem, um dos discípulos vendo o comportamento de Jesus, provavelmente queria imitar Ele, talvez e aqui sou eu especulando, o único tipo de oração que ela tenha visto tenha sido de orações farisaicas como a de Lucas 18:11-12.

Ao ver o comportamento de Jesus, ele automaticamente pede para ser ensinado e não apenas isso, mostra como os discípulos de João foram ensinados a orar! Algo que para nós é tão básico, tão simples. Mas Jesus não ignora nem releva a pergunta, ao contrário!
Passa a ensinar como o versículo 2 de Lucas 11 nos diz. Se os discípulos pediram isso, porque não podemos também? Seguimos para outro exemplo.

Em atos 8 30-31 lemos: “Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele.” O eunuco ao qual o diácono Filipe foi enviado a evangelizar lendo a profecia de Isaías é confrontado com a óbvia pergunta: Compreendes o que vens lendo? E com a óbvia resposta aqui resumida: não.

Isso me lembra a vários anos passados, em um acampamento em que chegamos mais cedo como equipe para organizar o local, ao acordar, fui chamar um dos irmãos no quarto. Para minha agradável surpresa ele não só estava acordado como estava lendo a Bíblia ainda em seu colchonete. Achei aquela cena tão bonita que ali fiquei observando. Ao terminar sua devocional eu perguntei para ele o que ele estava lendo, ao qual não lembro qual livro que ele leu, mas a próxima resposta lembro até o dia de hoje, quando então perguntei: “O que você entendeu do que você leu?” Ele responde: “Eu só faço ler, entender é outra história.”

Admiro a sinceridade da resposta, pois mesmo sem entender ele estava obedecendo o “meditar de dia e de noite” do Salmo 1:2, mas ainda sim, era algo incompleto, como o daquele eunuco ao qual prontamente Filipe explicou a passagem apontando para Cristo e a resposta dele não foi outra que não o desejo de ser batizado(At 8:36).

Apesar de ler muito em formatos digitais, confesso minha fraqueza em sites de recursos evangélicos, mesmo sabedor que existem muitos com materiais fantásticos para nós. Contudo, se for nivelar pelo que vejo compartilhado em minha bolha…Vemos as mais novas controvérsias teológicas, os assuntos mais espinhosos da teologia, aconselhamento para momentos de necessidade. Assim como tenho certeza que existem sim bons manuais de como fazer esses exercícios triviais que a partir daqui, serão chamados de fundamentais, mas quero ser mais um fazendo a minha parte.

Estarei escrevendo textos, estou mirando em duas a três vezes por semana, onde estarei dando conselhos práticos e diretos para estas disciplinas básicas e fundamentais da fé cristã. Você pode se questionar que isso é fácil demais, pastor! Escreva algo mais complexo.

Bem, permita-me então chegar à parte final deste texto com uma breve meditação. No fim do sermão do monte(Mateus 7:24 27), Jesus conta a famosa parábola da casa sobre a rocha e casa sobre a areia. Veja que Cristo pontua que as casas passam pelos mesmos problemas. É justo até assumirmos, pelo que é visto na seção anterior do texto(onde Cristo fala sobre obras), que as casas são idênticas! Com as mesmas janelas, mesma quantidade de quartos, cozinha…a diferença? A base. O fundamento. Uma sobre Cristo e outra sobre qualquer outra coisa. Uma persite, outra destruída.

Hoje me preocupa particularmente nos jovens que eles sabem muita teologia densa, debatem pela internet como ninguém, mas a base, o fundamento é fraco, pois o básico não foi bem construído ou ensinado, se ensinado foi! O impacto disso, da falta desta base, não é no dia a dia, não é no domingo, mas no longo prazo, com os problemas, situações da vida, fraquezas e cansaços. Não sei se por conta da chegada dos “enta” em minha vida, mas tenho refletido muito sobre como a Palavra de Deus fala muito sobre perseverar até o fim.
Mas para isso, o básico, o trivial, o fundamental, precisa ser sólido. Nada mais básico do que olhar para Cristo e querer ser parecido com ele, nossa Rocha.

Conto com sua leitura, compartilhamento e dúvidas se existem, quem sabe elas não sejam justamente a base dos próximos textos.
Deus os abençoe e até a próxima!

Em Cristo, nossa Rocha,
Pr. Léo

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